O ano de 2020 foi o ano mais atípico de que temos memória. A Pandemia que se abateu sobre o Mundo trouxe confinamentos, restrições, proibições e, com tudo isto, passámos muitas semanas afastados da Quinta. Serviu pelo menos para confirmar que as ervas espontâneas não se confinam e que podem, em apenas seis semanas, submergir um Jardim por completo. Foi um ano cheio de peripécias e de imprevistos. Ainda assim muita coisa se foi fazendo na Quinta. Aqui se apresenta o Balanço desse ano.
Jardim do Quadrado
O Jardim do Quadrado situa-se mesmo ao lado da casa da Quinta e foi assim apelidado por se encontar no interior de um quadrado definido por grandes Cupressus sempervirens. Também as quatro tangerineiras do seu interior se dispõem em quadrado. Enquanto os cedros nos evocam a civilização romana, as tangerineiras evocam a civilização árabe. Temos ainda em lados opostos cerejeiras japonesas e magnolias chinesas dando um toque oriental e, no lado Poente, duas roseiras inglesas acrescentam um toque colorido É portanto uma homenagem às várias civilizações que valorizaram os Jardins.
O Jardim do Quadrado, o primeiro Jardim que construímos onde antes havia uma horta muito tosca, só tinha pavimentação na sua metade Sul. O trabalho de 2020 foi o de assentar a pavimentação em toda a metade Norte, providenciando uma simetria de bancos e canteiros. A fotografia abaixo mostra o estado do Jardim a 12 de Maio durante a requalificação:
O Jardim dos Pássaros
O Jardim dos Pássaros, construído em 2019, sofreu importantes obras de beneficiação. Os seus passeios foram alargados para permitir uma melhor circulação entre as plantas (que entretanto tinham crescido) e foi necessário transplantar três camélias japonicas, que estavam muito expostas ao sol, para lugares mais sombreados no Jardim do Labirinto.
O Jardim ganhou também novas espécies botânicas (Eugenia myrtifolia, Pieris japonica, Banksia ericifolia, Leucothoe fontanesiana e Leucothoe axillaris, uma Lantana camara e ainda um Viburnum tinus). Foi acrescentado também um banco adicional junto destas novas espécies.
O Jardim do Chá
O nome deste Jardim resulta de nele se encontrar uma pequena sebe de arbustos de Chá (Camellia sinensis) que adquirimos e plantámos em Janeiro de 2019. O seu crescimento tem sido lento mas os cinco exemplares continuam de boa saúde. Para reforço deste nome resolvemos, durante 2020, fazer uma extensão do mesmo para Norte até à Casa da Burra e instalar uma mesa de chá com quatro cadeiras debaixo da sombra das nogueiras. Ficou um espaço muitíssimo interessante e naturalmente fresco durante os meses estivais.
No espaço por debaixo das nogueiras plantaram-se espécies tropicais muito sensíveis como a Medinilla magnifica, a Vriesia splendens ou a Aechmea fasciata. É uma experiência que decidimos fazer, não sendo certo que sobrevivam às madrugadas de Janeiro que podem apresentar temperaturas negativas. A ver vamos…
No espaço entre as nogueiras e a Casa da Burra plantámos experimentalmente várias espécies exóticas de palmeiras, não sendo também certo que tenhamos sucesso. Em baixo se mostram três dessas espécies (à esquerda várias Dipsys cabadae, ao meio várias Archontophoenix cunninghamiana e à direita, maior, uma Roystonea regia) :
O Jardim do Labirinto
O nome deste Jardim resulta da multiplicidade de curvas apertadas e opções de subida que se apresenta a quem deseje aceder a esta zona muito íngreme da propriedade. Estes caminhos lembram as estradas de montanha, serpenteando nas encostas em busca de um declive aceitável.
Entre Outubro e Dezembro trabalhámos na extensão deste Jardim até à Ponta da Pedra, um enorme megalito com vários metros de altura que está no meio da propriedade. A ideia era ter um passeio até ao topo do megalito e construir ao longo do novo percurso mais cinquenta metros quadrados de Jardim. A primeira dificuldade prendia-se com o silvado que se havia estabelecido no seu entorno, com um entrelaçamento tão cerrado de arbustos, trepadeiras e ramos de árvore que impediam a passagem humana e tapavam a pedra como mostra a imagem abaixo:
A segunda dificuldade prendia-se com a inclinação do terreno. Foi necessário suavizar o declive com vários metros cúbicos de terra, escavada mais acima e depois transportada a balde até que se tornasse possível criar caminhos em ziguezague com uma inclinação aceitável.
O ditado “A Fé Move Montanhas” tem agora um rival: O Zé também move montanhas!
Finalmente, para tornar mais incrível a aventura, abateu-se sobre nós a tempestade Dora, transformando tudo num imenso lamaçal. Mas, vencidos os desafios, lá conquistámos o nosso Evereste antes de terminado o ano.
Colecção Botânica
O ano de 2020 começou com a plantação de uma Rosa Lady of the Lake do horticultor inglês David Austin, com o número de série 392:
No final de Dezembro plantámos o exemplar número 464, uma goiabeira (Psidium guajava). A Colecção Botânica teve portanto um incremento de 73 espécies em 2020.
Apresentam-se algumas destas novas espécies, começando pelo araçá-amarelo (Psidium cattleianum Lucidum), com o número de registo 405 que floriu e deu frutos logo neste seu primeiro ano na Quinta:
2020 foi também o ano em que nos entusiasmámos com as Protaceae, tendo adquirido várias espécies. Apresentamos abaixo o Leucospermum Succession, de grandes flores laranja, um híbrido de L. lineare x L. cordifolium, com o número de registo 411:
Fauna
O Chamariz ou Milheirinha (Serinus serinus) é um pequeno pássaro comum na Quinta. Pelo segundo ano consecutivo escolheu a densa ramagem dos Cupressus sempervirens do Jardim do Quadrado para fazer o seu ninho:
O Blogue Quinta dos Arnaut
Durante o ano de 2020 este Blog teve 4750 visualizações e 2768 visitantes. Trata-se de um aumento muito significativo em relação ao ano de 2019. Muito obrigado a todos !
Por outro lado há uma enorme diversidade na origem dos visitantes:
O Muro Sul
A Quinta tinha um muro baixo de pedra seca nas suas principais confrontações, mas quando a adquirimos esses muros estavam ou destruídos ou em péssimo estado. Era o caso do Muro Sul que em alguns troços estava reduzido às suas fundações. A fotografia abaixo mostra o estado de destruição em que se encontrava:
O primeiro passo foi a realização de uma viga de betão nivelada para assentar os blocos de alvenaria:
Feita base nivelada com um varão de aço no seu núcleo, começou o assentamento dos blocos de alvenaria:
Com o cimento preparado à mão e em pequenas quantidades de cada vez, foi um trabalho duríssimo de paciência e de persitência. Em Agosto o muro já tinha bom aspecto:
Para 2021 fica a sua pintura:
O Nivelamento do Piso da Casa
O chão da casa estava em péssimo estado ao fim de dezenas de anos de abandono. Encontraram-se cerca de trinta centímetros de diferença entre as várias divisões da casa:
O piso foi todo nivelado com gravilha e depois betonado. Que diferença que agora se sente ao caminhar-se num piso nivelado:
Rampa de Acesso à Quinta
Enquanto se não criam condições para calcetar a rampa, o rodado das viaturas e a erosão da chuva têm vindo a abrir alguns regos ao longo da sua superfície:
Durante Dezembro estes regos foram enchidos de gravilha grossa e depois cimentados com cimento feito de forma práctica no carrinho de mão:
Já temos rampa por mais uns meses.
Um Feliz 2021 para todos!
Quinta dos Arnaut 