Desde o primeiro inverno em que a natureza barrenta do terreno de cota mais baixa nos provocou atolamentos e escorregadelas que a construção de uma rede de caminho na Quinta se tornou prioritária. Sucessivamente fomos testando soluções como estrados em madeira e placas de calçada portuguesa até chegarmos à solução actual de placas decorativas em betão cinzento-escuro. Com elas vamos progressivamente substituindo as soluções anteriores e alargando a rede de caminhos.
Neste processo de substituição torna-se evidente a rapidez com que uma placa colocada sobre o terreno se transforma muito rapidamente num tecto de casa para colónias dos mais variados artrópodes, nomeadamente insectos. Várias espécies de formigas e os bichinhos-de-conta (Armadillidium vulgare) são os habitantes mais usuais mas de vez em quando encontramos alguns insectos espectaculares como o Cossyphus hoffmannseggi. O epíteto específico hoffmannseggi é uma homenagem ao entomólogo alemão Johann Centurius Hoffmann Graf von Hoffmannsegg que viveu entre 1766 e 1849.
O Cossyphus hoffmannseggi é um insecto com cerca de 1 centímetro de comprimento e de uma espessura tão fina que se confunde facilmente com uma semente ou uma forma vegetal. Se observarmos com atenção na fotografia de cima podemos reparar como sobre a forma típica de um insecto está sobreposta uma cutícula semi-transparente dorsal com forma oval que lhe modifica o aspecto e lhe esconde as patas. É como se andasse com um guarda-chuva sempre aberto por cima do corpo. Esta cutícula está cortada transversalmente entre o tórax e o abdómen, o que é visível de perto. Mais difícil de distinguir é o corte longitudinal da cutícula sobre os élitros, para poder abrir as asas e voar …. mas não tem asas.
Encontra-se por debaixo de pedras e de madeiras que estejam em contacto com a terra e adora habitar por debaixo das nossas placas dos passeios.
Dentro da Classe dos Insecta o Cossyphus hoffmannseggi pertence à Ordem dos Coleoptera, como as joaninhas ou os escaravelhos e à Família dos Tenebrionidiae, tendo a espécie sido descrita pela primeira vez em 1797 pelo naturalista alemão Johann Friedrich Wilhelm Herbst. Habita na Península Ibérica com maior frequência a Sul e pode ser encontrado também em Marrocos.
Para o fotografarmos ventralmente virámo-la no palma da mão e a sua reacção imediata foi a de encolher as patas e ficar imóvel durante largos segundos, fingindo-se de morto. Só depois de não se sentir ameaçado é que começou a estender as patas para se tentar virar.
Todas as fotografias acima exibidas foram captadas na Quinta em 10 de Fevereiro de 2018.
Quinta dos Arnaut 