Logo na nossa primeira visita à Quinta tínhamos reparado nesta espécie botânica muito bonita, com as suas folhas perenes verticais em forma de espada ligeiramente recurvada. Existia em dezenas de tufos espalhados pela parte mais alta do terreno. Nessa altura não estava em flor, mas o aspecto das suas folhas era inconfundível.
Foi portanto uma das primeiras espontâneas a ser classificada no Arboreto e o seu número baixo no nosso registo ( número 4) é prova disso mesmo. A fotografia de cima mostra um desses tufos a crescer no meio de Hedera helix.
A sua floração ocorre em Maio e infelizmente cada flor dura poucos dias, mas como cada tufo produz várias flores este espectáculo pode durar duas semanas.
A coloração das flores apresenta uma transição suave entre o castanho e o violeta, sempre em tons pastel muito harmoniosos. Passa até despercebida para um observador menos atento.
Já as sementes vermelhas que aparecerão lá mais para o final do ano e que permanecem agarradas à planta durante muito tempo são muitíssimo brilhantes e captivam com facilidade a nossa atenção.
O Iris foetidissima alcança os 80 centímetros de altura, pertence à família das Iridaceae, foi descrita por Linnaeus e é natural da Europa Ocidental Marítima e do Mediterrâneo. Em Portugal Continental aparece na zona do Litoral Centro e Sul, desparecendo progressivamente quando caminhamos para o interior.
O epíteto específico foetidissima traduz o aroma desagradável que é libertado das folhas quando esmagado. Por alguma razão em Portugal esta espécie é conhecida por Lírio-fedorento e em Inglaterra por Stinking Iris. Devemos confessar que ainda não experimentámos este odor. Para nós é uma espécie lindíssima que protegemos com afinco.
Todas as fotografias foram captadas em 14 de Maio de 2018 na Quinta.
Quinta dos Arnaut 